O primeiro beijo



Ela sempre foi muito tranquila, fazia muitas amizades e estava sempre muito feliz e risonha, mas ninguém sabia ao certo o que acontecia em seu interior. Ela acreditava não havia um motivo para expor aquilo, leu uma vez que nem tudo precisa ser dito, apenas o que realmente o que importava, mas o que realmente importava?
Nunca foi de se apaixonar, afinal era nova demais para perder tempo com garotos quando poderia suspirar por cantores que nunca ouviria falar no nome dela. Mas daí ele apareceu, sempre foi muito atencioso e aceitava as piadas dela sem nunca questionar. Brincavam de ficar de mãos dadas e abraçados. Brincavam?

Uma vez que ele foi até a casa dela só para emprestar a câmera e ela fazer diversas fotos sem ângulo nenhum, naquela época a selfie não era moda e o flash mostrava toda a sujeira do espelho. Ela não se importava. Ele não se importava.
Ficavam se olhando e contavam as horas para o intervalo para reunir a turma toda e conversar sobre tudo e sobre nada. Pensando bem, será que ele também contava as horas?
No dia em que ele passou a tarde na casa dela, caiu um temporal que ninguém esperava, ele tomou chuva mas parecia estar feliz. Ela parecia feliz.

Essa amizade um pouco maluca durou praticamente dois anos, segundo os cálculos dela. E o medo de trocar de colégio começou a bater mais forte no final daquele ano. Ela que nunca foi de sair de casa, ganhou permissão para comemorar o aniversário de um dos amigos do grupo.
Lá eles ficaram mais próximos, talvez a noite toda. Ele começou a beijar o rosto dela enquanto ela pensava nos brigadeiros, os beijos foi passando para o pescoço enquanto ela não sabia o que fazer. Todos estavam jogando vídeo-game ou rindo do jogo que passava na TV, mas o mundo deles estava fechado. Eles estavam no universo próprio. Ela estava nesse universo. Resolveram se sentar e ele passou a mão no seu ombro e quando ela percebeu eles estavam se beijando. O primeiro beijo dela. O melhor beijo dela. Foi um momento especial, único e incrível. Ela não sabia como tinha que reagir e ele também parecia não saber o que fazer, mas criaram planos, queriam estudar e porque não ficar juntos?

Estava tudo certo, mas ela queria discrição, a mãe dela não poderia saber daquele beijo. Ele aceitou. E se beijaram de novo. Eles foram embora de mãos dadas e ela passou a semana toda com o estômago estranho. Pensou que tinha sido o número excessivo de brigadeiros que comeu, mas só mais tarde foi entender a famosa expressão “borboletas no estômago”.
O ano letivo voltou e até hoje ela não sabe onde eles se perderam. A amizade foi se esvaindo e hoje o máximo que acontece é um “like” no Instagram. A vida tem dessas... Até hoje ela acredita que sua queda por beijos no pescoço é culpa dele. E mesmo depois de anos, ele continua na lista de melhores beijos que ela deu. Tudo bem que não foram muitos.
Ela ainda sente saudades de toda a turma da oitava série. Mas acredita que não valeria um encontro de adultos, a saudade é do tempo, daquela idade, dos ideais. É apenas a nostalgia... Daquela festa, dos abraços, dos brigadeiros, dos beijos no pescoço e daquele beijo.




• Esse texto é autoral e pode – ou não – ser baseado em fatos reais. 
Ele faz parte de uma nova coluna que pretendo trazer para 
blog onde de 15 em 15 dias eu escreverei textos de cunho mais 
pessoal. Seja ele real ou apenas uma ficção. Espero que gostem.  

12 comentários

  1. Achei o texto lindo. Mesmo curto, foi um flashback fofo.

    Também gostaria de aproveitar a oportunidade e convidar você para conhecer o meu blog: http://vaiumspoilerai.blogspot.com.br/ PS. Não esqueça de seguir e comentar!

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  2. Olá!

    Como assim você começou a escrever e não me avisou?????? Sinto que há uma ponta de realidade nessas palavras, o que o torna muito mais bonito. Parabéns pelas belas palavras e que o próximo seja tão bom quanto este!

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  3. Bem legal o texto. Criativo, emotivo, envolvente. Curto, mas preciso. Parabéns!

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  4. Adorei!
    Muito fofo e nostálgico!
    Parabéns!
    Beijos :*

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  5. Adoro ler teus textos autorais! Você devia escrever sempre mais e se arriscar a brincar com as palavras!

    Bjos

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  6. Olá,

    Achei muito fofo e me fez lembrar dos meus tempos de colégio <3 Mesmo curtinho, seu texto mostrou que você tem muito potencial, invista nisso! Desejo muito sucesso.

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  7. Olá linda,

    Eu adorei seu texto, porque me lembrou meu primeiro beijo aos 16 anos e depois virei uma beijoqueira haha

    Quero mais dessa sessão nostalgia *-*

    Beijos!

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  8. Olá, super me identifiquei com o final, com essa coisa de a saudade ser de uma época que não volta mais.
    Primeiro beijo pode ser um momento tão marcante e especial!

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  9. Oii tudo bem??

    Que legal acompanhar esse texto, muito fofo.
    Adorei.
    Bjus Rafa

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  10. O primeiro beijo é sempre o que mais marca a nossa vida, por incrível que pareça para mim não foi nada marcante e até pretendo esquecer, fico feliz que tenha trazido esse texto para nós, e a saudade vem né de certas maneiras e até mesmo nos castiga, ótima postagem.
    Beijinhos

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  11. Oie!
    Nossa, que fofo!
    Realmente, é um momento bem marcante, impossível esquecer. Adorei o texto, muito fofo e delicado.
    Não vejo a hora de ler os próximos.
    Bjks!
    Histórias sem Fim

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  12. Oi Aní.
    Adorei a ideia da coluna, texto de cunho mais pessoal é show, aproxima mais o leitor do blogueiro.
    Primeiro beijo, oitava série, é uma nostalgia mesmo, mas muito gostosa.
    Ótimo texto.

    Até mais!!
    Leituras da Paty

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