Melancia - Marian Keyes

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A resenha de hoje é de mais um livro participante do projeto Vida Literária. O escolhido da vez foi Melancia, Marian Keyes e foi escolhido pela Raíssa do O Outro Lado da Raposa.

Título Original: Watermelon

Autora: Marian Keyes

Editora: Betrand Brasil

Páginas: 490

Sinopse: Foi demais da conta para Claire o dia do nascimento da sua filha. Ao acordar no quarto do hospital depara com o marido olhando-a na cama. Deduzindo tratar-se de algum tipo de sinal de respeito, ela nem suspeita de que ele soltará a notícia da sua iminente separação: “Ouça, Claire, lamento muito, mas encontrei outra pessoa e vou ficar com ela. Desculpe quanto ao bebê e todo o resto, deixar você desse jeito...” Em seguida, dá meia-volta e deixa rapidamente o quarto. De fato, ele sai quase correndo.

Com 29 anos, uma filha recém-nascida nos braços e um marido que acabou de confessar um caso de mais de seis meses com a vizinha também casada, Claire se resume a um coração partido, um corpo inteiramente redondo, aparentando uma melancia, e os efeitos colaterais da gravidez, como, digamos, um canal de nascimento dez vezes maior que seu tamanho normal!

Não tendo nada melhor em vista, Claire volta a morar com sua excêntrica família: duas irmãs, uma delas obcecada pelo oculto, e a outra, uma demolidora de corações; uma mãe viciada em telenovelas e com fobia de cozinha; e um pai à beira de um ataque de nervos. Depois de muitos dias em depressão, bebedeira e choro, Claire decide avaliar os prós e contras de um casamento de três anos. E começa a se sentir melhor. Aliás, bem melhor. É justamente nesse momento que James, seu ex-marido, reaparece, para convence-la a assumir a culpa por te-lo jogado nos braços de outra mulher. Claire irá recebê-lo, mas lhe reservará uma bela surpresa...

Melancia da autora Marian Keyes, é o primeiro da série As Irmãs Walsh. O enredo se passa em primeiro momento em Londres, onde Claire Walsh está passando pela maravilhosa sensação de ser mãe. Sua vida estava ótima, ela tinha engordado um pouco? Talvez, mas tinha um marido que a amava e agora uma linda filha. Acontece que quando ela acorda e vê James, seu marido, não imagina a notícia que ele tem para ela.

"E agora pareço ter perdido a capacidade de tomar decisões. Patético, eu sei, mas o casamento é isso. Acaba com o nosso senso de autonomia pessoal!"

Sim, James termina tudo com ela por ter encontrado outra pessoa. Em primeiro momento, Claire acha que tudo é um mal entendido, mas quando a ficha cai, ela entra em desespero.

Agora, aos 29 anos, ela precisa dar um rumo para a vida com sua filha sem nome e seu corpo enorme em formato de melancia. É quando ela resolve ir para a casa dos pais, em Dublin.

"Quem é o encarregado aqui? Gostaria de me queixar da minha vida."

Narrado em primeira pessoa, por Claire, Melancia traz uma reflexão sobre depressão pós-parto e abandono. Conseguimos visualizar todo o sofrimento da personagem por causa dessa narrativa. O que eu particularmente adoro, visualizando o mundo aos olhos de Claire, podemos achar que ela é uma pobre coitada, abandonada e gorda – como ela mesma diz – mas ao olharmos “de longe” podemos perceber que ela é apenas uma adolescente em um corpo mais maduro, louca por um pouco de atenção e mimo.

"A vida simplesmente vai em frente e faz o que tem vontade, sempre que tem vontade."

A autora conseguiu criar personagens extremamente palpáveis, quem nunca sofreu por amor e se sentiu a pessoa mais injustiçada do mundo? Quem nunca negligenciou uma parte da vida, porque estava “sofrendo demais”? É isso que acontece com Claire quando ela volta para Dublin. Ela se transforma em um “anticristo” atacando tudo e todos e deixando a própria filha de lado por sofrer demais. Depois de um choque de realidade – ouvir a conversa atrás da porta não é tão legal assim – ela percebe como está agindo e resolve mudar. Voltar a ser a velha Claire e dar atenção a sua filha.

"Não estava gorda demais. Não havia nada de errado comigo. O resto do mundo é que era pequeno demais. Eu não precisava mudar. O que precisava mudar era o mundo ao meu redor. Simplesmente tornar tudo em torno de 15% maior do que era agora - roupas, móveis, pessoas, prédios, países -  e, de repente, eu estaria novamente do tamanho certo."

Durante o enredo, conseguimos ver o crescimento da personagem. Ela vai amadurecendo aos poucos e ganhando seu “lado mãe” a cada parágrafo, foi o que eu mais gostei na escrita da autora. Ela conseguiu – como eu disse – criar personagens palpáveis, que aos poucos foram crescendo e ganhando um espaço no meu coração.

"Todos tinham seus próprios problemas. Ninguém era perfeitamente feliz. Eu não fora escolhida especialmente pelos deuses para que a infelicidade recaísse sobre mim. Era apenas uma mulher comum, com problemas comuns, fazendo suas compras entre mulheres comuns."

Daí você me pergunta, porque você só deu três estrelas? Simples, como citei, a autora utilizou de primeira pessoa na narrativa. O que é ótimo, pois a personagem parece estar mesmo falando comigo, acontece que Claire volta muito ao tempo e tem devaneios enormes durante o enredo. Sério, às vezes ela começava falar algo e mudava o tema e ficava uns três ou quatro parágrafos para depois voltar e dizer “te falei sobre a conversa com James?” que era o tema do capítulo anterior. Não sei se deu para entender. Foi uma manobra arriscada para nos deixar “amiga” da personagem, mas não funcionou muito comigo, já que eu sou mais direta. Outra coisa, os capítulos são muito longos o que torna a leitura muito mais arrastada para mim. Tive a impressão de não estar saindo do lugar. 

Não posso comentar muito sobre a parte gráfica do livro, pois li em e-book, mas encontrei diversos erros ortográficos na edição que estava lendo. Mas como foi a primeira versão do livro, creio que isso foi corrigido nos demais.

"Eu sabia, simplesmente sabia! A pessoa que escrevia os diálogos da minha vida trabalhava numa telenovela de péssima qualidade. Mas eu falava sério."

Em suma, Melancia é um chicklit muito divertido com tema real, personagens reais, que pode acontecer com qualquer família. A escrita da autora é envolvente e leve, muitas vezes ácida e divertida. Só peca nos devaneios excessivos de Claire que acaba tirando um pouco o foco central. Marian trabalhou bem todos os personagens – inclusive os secundários – e mesmo não sendo um dos meus livros favoritos, acompanharei o desenrolar do restante da família Walsh.

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Confira a opinião da Raíssa em O Outro Lado da Raposa:

Melancia te faz dar risada de situações que, quando passamos em nossas próprias vidas, não achamos tanta graça. É igual a um filme de comédia romântica, tem todas as características de estórias assim, uma personagem meio descontrolada que acabou de passar por uma situação ruim e conforme o desenrolar dos acontecimentos ela vai superando a situação e até conhece um cara e se apaixona por ele. Não que isso seja uma coisa ruim, para quem gosta de comédias românticas (como eu). 

Confira a opinião da Kamila, em Resenha e Outras Coisas:

Gostei muito da forma como o livro foi escrito, como se a Claire estivesse conversando com o leitor. Ela também sempre tem uma tirada engraçada, uma piada ou trocadilho para dizer, de modo que o leitor fique à vontade conforme vai lendo. Mas, isso tem um porém: conforme a autora foi brincando, ela foi se perdendo na história. Por diversas vezes ela passou muito tempo rindo de um trecho qualquer que poderia muito bem ser contado e passado para o seguinte. Ou seja, ela perde muito tempo contando coisas irrelevantes para a história.

Beijinhos,