O Garoto que Tinha Asas - Raiza Varella

Oi vocês,

Que tal começar a semana com uma resenha?? Estou com ela pronta há um tempinho e precisei refletir para postar aqui. Por mais pontos negativos que tenha encontrado na obra, foi uma leitura bem agradável. Entenda.

Título Original: O garoto que tinha asas
Autora: Raiza Varella
Editora: Independente
Páginas: 408
Sinopse: Depois do conto de fadas protagonizado por Bárbara e Ian em O Garoto dos Olhos Azuis chegou a hora de conhecermos a história de outro casal encantado. Augusto Bittencourt, vulgo Monstro, é um renomado médico, dono de uma carreira sólida e do hábito de dispensar uma mulher atrás da outra sem piedade. Nunca se apaixonou e não acredita que um dia irá encontrar uma mulher interessante o suficiente para mudar esse fato. Mas o destino parecia pensar diferente, em uma madrugada fria ele presencia um terrível acidente de carro e conhece a garota sem nome. Uma garota que há muito tempo não sabe o que é ter um lar, se sentir segura e não precisar fugir de ninguém até que, em meio aos destroços, ela vê alguém correr em sua direção, um garoto que ela poderia jurar ter asas. Embora Augusto esteja muito longe de se parecer com um anjo, ele acaba por salvar a sua vida. Pela primeira vez, o médico de pouco humor e muito caráter terá que enfrentar e ir contra todos os seus princípios para cumprir uma promessa que não deveria ter feito e de quebra, quem sabe, se apaixonar. Em O Garoto que tinha Asas vamos descobrir se o príncipe encantado realmente vem montado em um cavalo branco ou se sua cor é o que menos importa em meio a uma singela releitura de A Bela e a Fera.

Segundo livro da trilogia Encantados da autora Raiza Varella, em O Garoto que tinha asas conhecemos a história de Augusto Bittencourt, conhecido também como monstro. Eu vou me limitar a não contar muito do enredo, apenas dar minha opinião sobre o livro, uma vez que a sinopse nos conta tudo que é necessário.

Para quem não sabe, a trilogia surgiu após uma série de pedidos para Raiza, a princípio, seria apenas o livro O Garoto dos Olhos Azuis, que conta a história de Barbara e Ian, depois do sucesso do livro e dos pedidos incansáveis das leitoras, a autora investiu em escrever um livro para cada irmão. O próximo contará a história de Gustavo.

Como a sinopse diz, o enredo começa mesmo quando Augusto presencia um acidente muito feio de carro, ele deveria não se envolver, mas ele sente a obrigação de ajudar a moça sem nome que está ao volante. Enquanto os paramédicos estão encaminhando ela ao hospital, ele fica incumbido de tomar conta do que a garota chama de “vida”. Guto nunca foi delicado, quem leu o primeiro livro da trilogia sabe que ele nunca foi sentimental, mulheres para ele só dura uma noite e nada mais. Sentimentos? Para quê? Essa vida funciona para ele e tudo desmorona quando o acidente acontece. 

"Aquele olhar foi o culpado de tudo que aconteceu em seguida."

Depois de dias em coma a jovem acorda e ele ainda se sente responsável por ela e da “vida” dela. Só que Anna – como ela se apresenta – tem problemas demais e fala de menos, para se proteger e quem está a sua volta, ela se priva a guardar tudo para si colocando todos em sua volta em risco. 

A escrita da Raiza é maravilhosa, constatei isso em O Garoto I e posso dizer isso depois de ler essa obra, mas alguns pontos me incomodaram. 

"Em dias bons eu sonhava com vidas alternativas, sonhava com um futuro seguro onde eu pudesse chamar um lugar de lar, ao invés de chamar de esconderijo."

O primeiro foi à presença constante de Barbara durante o enredo, era óbvio que por ser protagonista do primeiro livro, ela estaria presente nesta obra e não achei ruim, porém, foi cansativo e muitas vezes chato ver a forma como ela interfere na vida das pessoas. Eu acho que como o livro tratava do Augusto, ela poderia dar um espaço para ele, deixar ele se resolver um pouco. Eu entendo que, por causa da criação deles (que podemos acompanhar melhor no primeiro livro) é normal essa união, mas me assustou ver que a Babi passava mais tempo na casa do irmão do que na própria casa, ou que em alguns momentos Augusto e Anna estavam conversando e ela surgia do nada – juro, do nada – porque estava ouvindo a conversa. Achei forçado e em alguns momentos tive vontade de tirá-la do livro a força.

"Lares são instáveis, podem ruir a qualquer momento, assim como as pessoas, lares machucam..."

Outra coisa que me incomodou um pouco foi o excesso de informações do livro anterior, como o primeiro contou a história da Babi e ela está sempre presente (quase em todos os capítulos) eles relembram detalhadamente os acontecimentos da primeira obra. É normal uma vez que Anna não os conhecia, mas acho que a autora poderia pegar apenas uma frase e dar um gancho para história principal, pois para mim – que tinha o primeiro livro vivo em mente – se tornou cansativo. O lado bom é que, se você ainda não leu o primeiro, não se sentirá perdido. 

A sinopse fala que a obra é uma releitura de A Bela e a Fera, e acredito que isso seja pelo enredo mostrar um mocinho extremamente bruto e por sua consequência, machista. Lembro que a autora recebeu alguns comentários criticando a postura de Guto, já eu não achei nada de mais, ele é o espelho de muitos homens que já conheci e vi. O problema eu acho, é essa mania que as pessoas têm de querer mudar os outros a todo custo sabe? Em uma determinada cena, Anna pede uma coisa que Guto, por sua essência não ser de um príncipe em um cavalo branco, não pode dar. Isso também é um espelho que percebo por minhas amizades, ou situações que já vivi. Infelizmente, não podemos mudar as pessoas 100%, mas podemos aprender a conviver com seus erros e falhas, afinal ninguém é perfeito, não é mesmo? Por causa disso, achei alguns diálogos de Guto tentando se declarar para a jovem, um pouco forçado demais, eu não consegui acreditar no sentimento. Parecia que ele estava falando e fazendo apenas para agradá-la sabe?

E como me comprometi a ser sincera em todas as resenhas escritas aqui no blog, não gostei da forma como Anna foi egoísta escondendo seu segredo e colocando todos em risco. Concordei MUITO com Bernardo, que em minha opinião, foi o personagem mais sensato durante o enredo e que apareceu menos. O segredo dela é a origem de tudo, e concordo que a vida não deu chance para que ela pudesse confiar em muitas pessoas, mas ela estava colocando a vida de outras pessoas em risco também. 

"Eu precisava dele mais do que eu precisava respirar."

Eu sei você deve está pensando que eu odiei a obra, mas não. Eu gostei e muito do livro, como citei, a escrita da autora é sensacional e envolvente, os capítulos são curtos e muito bem escritos e isso faz a leitura seja super fluida e leve. Há vários pontos que a autora aborda que valem a apena a discussão. A capa está linda e seguindo um padrão. A obra é independente e eu li em e-book em parceria com a autora, a diagramação em e-book ficou muito boa e também segue o padrão do primeiro livro. 

Mesmo com todas essas ressalvas, eu aconselho a leitura! É um romance muito bonito, que mostra a evolução profissional da autora e cheio de altos e baixos que nos deixa vidrado do começo ao fim.

"O amor é isso. Você suporta alguém comendo o seu sorvete, roubando seu carro, seu travesseiro, o pode do seu controle remoto. Você releva as roupas jogadas pela casa, o mau humor e as crises de choro. Você apoia, Augusto, você melhora, você se doa."

Beijinhos,